Envelhecimento Cerebral

 

Perdas de Memória

 

 

À medida que se envelhece, surgem as famosas perdas de memória, que são facilmente explicadas pelos especialistas. Segundo eles, tal acontecimento não é aleatório; antes se trata de uma adaptação do cérebro à vida levada pelos idosos. As células relacionadas com as actividades menos utilizadas, serão desactivadas para concentrar esforços em áreas mais necessárias ao seu novo modo de vida. Tudo para cumprir o objectivo primordial de todo e qualquer ser vivo: garantir a própria sobrevivência e a da espécie, diante das condições em que ela se encontra.

 

Embora mais frequente com o avanço da idade, o esquecimento é algo normal em qualquer idade. Conforme queremos aprender novas habilidades ou queremos aprender uma nova tarefa, o nosso cérebro tem de criar novas conexões e, como tal, algumas das antigas têm que ser desactivadas. Caso contrário, as antigas interferiam com as novas e não havia possibilidade de se realizar uma tarefa adequadamente.

 

Conforme a idade avança, aumentam as perdas de células nervosas. A acção dos radicais livres bem como lesões nas células promovem a perda de neurónios. De facto, chegamos a perder cerca de 50 a 100 mil unidades destas células durante a vida.

 

Os radicais livres demonstram-se como o principal factor que nos leva à perda de neurónios. Há que referir que estes são partículas que contêm electrões desemparelhados. De forma a atingir estabilidade, estes radicais “arrancam” electrões a qualquer componente celular que encontrem pelo caminho, destruindo-os. Visto que as células nervosas não se reproduzem, o número de neurónios tende a diminuir cada vez mais.

 

O facto de haver ferro no tecido cerebral, afecta a degeneração das células nervosas. De facto o ferro combinado com a água origina um dos radicais livres mais agressivos: o hidroxilo. Sendo assim, o cérebro é uma fonte natural destas partículas. Nós nascemos com mais neurónios do que precisamos, - por volta de 12 bilhões - os efeitos das perdas diárias só serão sentidos depois de muitos anos, ou seja, quando chegarmos à velhice.

 

Devido ao facto do número de células cerebrais presentes diminuir, o nosso cérebro tem de “fazer escolhas” muito importantes, entre as quais, as actividades que devem continuar e quais devem ser desactivadas. Segundo pesquisas, as escolhas não são efectuadas ao caso, mas sim em consequência do tipo de vida levada pelo indivíduo. As conexões que são usadas com frequência são mantidas. Já as que são menos utilizadas são excluídas naturalmente e desfazem-se. 

 

 

Parkinson

 

James Parkinson descobriu, em 1817, uma doença caracterizada pela degeneração de neurónios localizados nos gânglios da base cerebral, doença esta que recebeu o seu nome: Parkinson.

Esta doença degenerativa do sistema nervoso central, normalmente tem o seu início após os 50 anos de idade. É uma das doenças neurológicas mais frequentes visto que a sua prevalência situa-se entre 80 e 160 casos por cem mil habitantes, englobando, aproximadamente, 1% dos indivíduos acima de 65 anos de idade.

A doença de Parkinson é causada por diversos factores desde o meio ambiente, falhas genéticas ou pela combinação de ambos, embora um defeito no cromossoma 4 tenha sido recentemente apontado como uma causa, em alguns casos.

Mesmo com o aumento da esperança média de vida, o número de doentes com esta maleita (parkinsonianos) manteve-se estável. Embora sem grandes certezas, vários estudos afirmam que há uma predominância da doença sobre o sexo masculino.

O Parkinson leva a que os seus doentes tenham diversos sintomas tais como: tremor, rigidez, acinesia, lentidão de movimentos (bradicinesia) e alteração da postura. Sintomas não motores podem aparecer também. Estes incluem sudorese excessiva ou outros distúrbios do sistema nervoso involuntário e problemas psíquicos como depressão e, em estágios mais avançados, demência.

Todos estes factores em conjunto com a acinesia, interferem decisivamente nos actos motores básicos como a marcha, a fala e nas actividades que requerem a conjugação de actos motores, como por exemplo vestir-se, a higiene corporal e a alimentação. À medida que a doença evolui, o paciente vai-se tornando mais lento e mais enrijecido. A rigidez das extremidades e o controle da posição da cabeça e do tronco podem interferir com a capacidade do paciente de cuidar de si mesmo, inclusive quanto à alimentação.

A verdade é que os movimentos tornam-se mais lentos e aqueles movimentos simultâneos tais como controlar os talheres, mostram-se difíceis. De facto, os doentes que sofrem de Parkinson tornam-se dependentes dos seus familiares.

A síndrome de Parkinson não é fatal, contudo fragiliza e predispõe o doente a outras patologias, como pneumonia de aspiração (o fraco controle muscular leva a deglutição da comida para os pulmões) e outras infecções devido à imobilidade.

Esta doença é conhecida mundialmente, ou não fosse, o número de pessoas ditas famosas que sofreram deste síndrome, por exemplo:

ú  Papa João Paulo II;

ú  Adolf Hitler, ditador nazista Alemão;

ú  Janet Reno, Procuradora dos EUA na Presidência Clinton;

ú  Salvador Dalí, pintor espanhol.

 

 

Alzheimer

O psiquiatra alemão Alois Alzheimer descobriu, no ano de 1906, uma forma de demência perigosa para o ser humano: a doença de Alzheimer ou simplesmente Alzheimer.

Esta doença, caracteriza-se por uma perda progressiva da memória. Autopsiando o cérebro de um paciente com esta patologia, pode-se observar um atrofia generalizada, com perda de neurónios em certas áreas do hipocampo, mas também em regiões parieto-occipitais e frontais do cérebro.

O mal de Alzheimer apresenta quatro fases, em que o grau de perigosidade é crescente.

 

        Primeira Fase:

Os primeiros sintomas, são muitas vezes falsamente relacionados com o envelhecimento ou com o stress, mas a verdade é que alguns testes neurológicos revelam deficiências cognitivas até oito anos antes de se poder diagnosticar esta doença por inteiro.

Nesta fase, ocorrem as perdas de memória a curto prazo. O paciente acaba por perder noção do mundo que o rodeia, das horas, dos meses e do dia em que se encontra.

        Segunda Fase:

Esta fase, caracteriza-se por diversos problemas ao nível da linguagem, da execução de movimentos e, inclusive, dificuldades de percepção.

A memória do paciente é duramente afectada. Contudo, as memórias mais antigas, a memória semântica e a memória implícita (memória de como fazer as coisas) não são tão afectadas como a memória a curto prazo.

Os problemas a nível da linguagem implicam uma diminuição do vocabulário e, por isso, a comunicação de ideias básicas torna-se mais difícil.

        Terceira Fase:

É nesta terceira fase que a dificuldade na fala torna-se evidente, devido à impossibilidade de se lembrar de vocabulário. A capacidade de ler e escrever vai sendo perdida e o paciente acaba por ser incapaz de realizar tarefas que, anteriormente, eram consideradas simples.

O doente começa a não reconhecer os seus familiares e a memória a longo prazo vai-se perdendo. Aliado a isto, vêm as alterações de comportamento que passam por apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados de agressividade ou resistência à caridade.

Nesta fase, 30% dos pacientes desenvolvem ilusões (e outros sintomas relacionados) e a incontinência urinária é comum.

        Quarta Fase:

Nesta última fase, o paciente está completamente dependente de quem o cuida.

A sua linguagem baseia-se apenas em simples frases ou em palavras isoladas, acabando, em alguns casos, por perda de fala. Contudo, o paciente continua a estar apto para se manifestar emocionalmente.

A verdade é que a agressividade ainda pode estar presente, e a apatia extrema e o cansaço são resultados bastante comuns. Deste modo, os doentes estão totalmente incapacitados de realizar as tarefas simples sem ajuda.

A massa muscular e a mobilidade degeneram-se de tal modo que o paciente necessita de ficar deitado numa cama e perde a capacidade de comer sozinho. Por fim, vem a morte, que normalmente não é causada pelo Mal de Alzheimer, mas por outro factor externo.